Os Discípulos (Eugene Burnand, 1898)

Os Discípulos (Eugene Burnand, 1898)

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Receita de Ano Novo (Drummond)

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser, novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?Passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

À propósito de se viver um Ano Novo,
não é preciso esperar que chegue
o dia 1º de janeiro:
É possível se viver um tempo novo
desde agora, neste presente instante!
O essencial prá se viver esta nova vida:
olhar para a realidade com afeição,
prestando atenção às coisas e acontecimentos...
abraçando as coisas grandes e pequenas também!
(Principalmente, às pessoas) - Valorizar
as pequenas coisas, pois são elas que
fazem grandes diferenças... e nos educam!
Não adiando nada... nada mesmo! Ainda que seja
algo desagradável, alguma tarefa árdua...
mas tem o seu valor, tem um significado
(com toda certeza, grande valor pedagógico).
O hoje é o tempo de se viver O Ano Novo
até mesmo porque o ontem já passou e o amanhã
é um tempo que não existe (o que existe de fato,
de concreto, é o tempo presente,
os homens presentes, a vida presente).

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