Paixão do homem, Paixão de Cristo
Mais uma vez fomos feridos no íntimo do nosso ser com mais um evento chocante. Tão chocante que é difícil evitar a pergunta sobre o seu significado, tanto ultrapassa a nossa capacidade de compreensão.
A questão é tão radical quanto incômoda. Não podemos tentar por um ponto final o mais rápido possível, ansiosos por virar a página o quanto antes para poder esquecer. Não é razoável manter-nos presos a uma emotividade que nos sufoca, e muito menos mudar o foco à busca de eventuais responsáveis.
A enorme caridade, que se documentou nestes dias como movimento espontâneo, e que será necessária principalmente nos próximos meses quando será preciso de mais ajuda, sugere que o esquecimento não é o único caminho. Nem mesmo esse movimento é capaz de eliminar a urgência do pedido, provocada pela experiência de nossa impotência diante do terremoto.
Acontecimentos deste tipo nos colocam diante do mistério da existência, provocando a nossa razão e a nossa liberdade de homens. Desperdiçar a oportunidade de olhar cara a cara para este acontecimento nos deixaria ainda mais perdidos e céticos. Porém, para estar diante do Mistério da existência, nós precisamos de algo mais do que a nossa solidariedade, por mais justa que ela seja. Sozinhos nós não somos capazes.
A companhia de Cristo – que está na origem do amor ao homem, próprio do nosso povo – revela-se mais uma vez decisiva na nossa história: uma companhia que dá sentido à vida e à morte, às vítimas, aos sobreviventes e a nós mesmos, e sustenta a esperança.
A iminência da Páscoa adquire, então, uma nova luz. “Quem não poupou o seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos haverá de agraciar em tudo junto com ele?” (Rm 8,32).
Comunhão e Libertação
Abril de 2009
Carissimo amigo Milton
ResponderExcluirPassei para lhe desejar uma feliz e Santa Páscoa!
Domenico